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30 nov 2020

Seca prolongada e bienalidade vão reduzir em 10% nova safra de café, projeta Rabobank

Consumo global da bebida, que foi impactado neste ano pela pandemia de Covid-19, deve voltar a subir

A produção de café no Brasil deve cair 10% na safra 2020/21, passando de 67,5 milhões de sacas (60 kg) para 60 milhões. Pesa na conta a bienalidade negativa do tipo arábica, mas também a seca prolongada deste ano, já que a chuva só chegou aos cafezais em novembro.

O consumo global, que caiu neste ano de pandemia, especialmente nos países com menos tradição no consumo da bebida, deve voltar a subir para 164,5 milhões, um aumento de 1,4% em relação às 162,3 milhões de sacas da safra 2019/20. As estimativas foram apresentadas nesta quarta (25/11) pelo Rabobank.

Guilherme Morya, analista do banco, estima que a produção brasileira do tipo arábica, concentrada em regiões mais atingidas pela seca, terá uma queda de 17%, passando de 49 milhões de sacas para 40,5 milhões.

Já o conilon, menos afetado pela condição climática e pela bienalidade e com produtividade bem maior que a do arábica, deve subir de 19,5 milhões para 20,2 milhões de sacas.

Segundo o especialista, com os baixos estoques e a compensação de um aumento pontual na procura de café no varejo ante à redução do consumo fora dos lares pelo fechamento do comércio, o produtor brasileiro ganhou dinheiro neste ano com a “gangorra” de preços da bebida e deve obter bons patamares também em 2021.

“Neste ano, os preços em Nova York subiram até 30% e, no mercado interno, houve aumentos entre 20% e 57%. Para 2021, ainda com a depreciação do real e com perdas de produção previstas em importantes concorrentes internacionais, a perspectiva é de bons preços para o café no mercado internacional”, observa.

O analista diz que, entre os grandes exportadores, devem produzir menos café Etiópia, Costa Rica, Peru e, especialmente, o Vietnã, que teve perda de 5% da safra por problemas climáticos, o que gera incertezas sobre o volume que vai exportar e a qualidade do café.

Para compensar, a previsão para Colômbia e Honduras são safras maiores em relação ao último ciclo, com 14,6 milhões de sacas e 6,5 milhões, respectivamente, altas de 3,5% e 6%.

Em 2021, as exportações brasileiras de café, que foram revisadas neste ano pelo Rabobank, subindo de 40 milhões de sacas para o recorde de 42 milhões, devem voltar aos níveis de 2018, entre 35 e 36 milhões de sacas, devido a menor oferta.

Morya acrescenta que a comercialização antecipada dessa nova safra não segue o padrão da anterior, que atingiu 70%. “O produtor está mais cauteloso porque não sabe quanto irá produzir devido à seca e também prefere esperar o melhor momento para vendas, já que acredita em aumento da cotação nos próximos meses”, afirma.

César de Castro Alves, consultor de agronegócio do Itaú BBA, disse em evento da instituição no dia anterior que a fixação de preços nesta nova safra de café não passa de 30%, mas, mesmo assim, acredita que alguns produtores poderão ter dificuldades para entregar os volumes comprometidos, caso registrem quebras mais acentuadas na lavoura.

“Preocupa um pouco porque a gente sabe que sempre tem produtores que costumam exagerar na dose. E muita gente nos últimos anos fez não só operações de venda no mercado, mas também operações de barter, se comprometendo de diferentes maneiras. Hoje em dia, a coisa mais fácil é alternativa para vender café. Os produtores são super-assediados com uma série de ofertas”, destaca.

Leite

Já a produção de leite no país deve ter uma alta de 2% em 2021, apesar do aumento dos custos de produção, passando de 25,5 milhões de litros para 26 milhões, nas estimativas do Rabobank, que também prevê bons preços para o produtor.

O analista Andrés Padilla diz que a produção recuou no início do ano com a pandemia, mas o consumo subiu após a chegada do auxílio emergencial, elevando os preços para uma média de R$ 1,78.

“Em outubro, o litro alcançou o recorde de R$ 2,25. A previsão é que os preços se mantenham altos no início de 2021, caindo depois para fechar numa média de R$ 1,75 no ano.” Sobre o consumo, o analista diz que vai depender da manutenção ou não do auxílio emergencial.

Fonte:

https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Cafe/noticia/2020/11/seca-prolongada-e-bienalidade-vao-reduzir-em-10-nova-safra-de-cafe-projeta-rabobank.html

(Foto: Divulgação)