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05 set 2023

Alimentos orgânicos: não caia em golpes!

Saiba como reconhecer e diferenciar os produtos realmente orgânicos dos falsos orgânicos.

Os orgânicos são aqueles produtos fabricados sem o uso de agrotóxicos, utilizando matéria-prima pura (conforme definido pela lei brasileira 10.831/2003, existem duas concentrações mínimas possíveis para serem classificados como orgânicos: para produtos denominados como “orgânicos”, é necessário um mínimo de 95% de ingredientes orgânicos, enquanto para produtos denominados como “feito com ingredientes orgânicos”, é requerido um mínimo de 70% de ingredientes orgânicos), retirada de fontes naturais, não transgênicos e, por serem ecologicamente corretos, trazem benefícios à saúde. Estes itens não utilizam testes em animais e são considerados livres de crueldade; porém nem sempre são veganos, já que podem conter substâncias advindas da fauna, como: leite, mel, ovos, colágeno, albumina e gelatina, por exemplo. Toda a cadeia de produção deve ser certificada, desde a semente até a embalagem final, passando por todos os estágios de preparo e produção.

 

Crescimento do setor

 

A busca por um consumo consciente tem feito com que os produtos orgânicos ganhem cada vez mais espaço nas prateleiras de lojas e supermercados. Uma estimativa do Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (Organis) aponta que, ainda em 2023, o setor pode registrar um crescimento de até 30%. No Brasil, este mercado já movimenta 5,5 bilhões de reais, aproximadamente, e reúne mais de 26 mil produtores.

“Além dos bancos e do setor eletrônico, o mercado de produtos orgânicos emerge como um dos protagonistas do crescimento atual”, reconhece Alexandre Harkaly, Diretor de Integração Estratégica da QIMA IBD, uma das principais selos entidades de certificação orgânica do Brasil.

Por consequência, as feiras orgânicas também prosperaram. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), hoje existem 892 feiras mapeadas em todo o país Igualmente, houve um aumento de marcas que comercializam orgânicos. “O ritmo de crescimento varia consideravelmente de empresa para empresa. No entanto, é raro encontrar uma dessas companhias que não esteja expandindo a uma taxa anual de pelo menos 20%”, analisa Harkaly.

De acordo com o Ministério da Agricultura, a área de produção orgânica nacional abrange cerca de 950 mil hectares. Nela, são produzidos legumes, verduras, hortaliças, carnes, ovos, cereais, entre outros. Além disso, o Brasil exporta para mais de 76 países, principalmente açúcar, mel, oleaginosas, frutas e castanhas. O país é hoje o 10ºexportador de produtos orgânicos para a Europa.

Todo este esse crescimento se reflete no comportamento e confiança entre produtores e consumidores. Uma pesquisa feita em 11 capitais brasileiras, pela Market Analyses, em 2017, apontou que o Orgânico Brasil, coordenado pelo Ministério da Agricultura, e o Certificado Orgânico IBD, da QIMA IBD, estão entre os 10 selos mais identificados e confiados pelos consumidores em suas compras.

Essa identificação já é uma grande forma de reconhecer a veracidade de um produto orgânico. Porém, existem empresas que fazem uso de propaganda enganosa, não certificando adequadamente suas mercadorias ou não apresentando corretamente as matérias-primas utilizadas na fabricação.

 

Desvendando empresas com falsas promessas

 

Com o aumento na procura por produtos sustentáveis, muitas empresas se aproveitam da boa publicidade que a palavra “orgânico” traz e a utilizam em suas embalagens, sem nenhuma garantia ao consumidor de que aquele produto é, de fato, como está sendo oferecido. É o chamado greenwashing.

Termo em inglês, que em tradução livre significa “lavagem verde”, consiste no ato de divulgar de forma enganosa e de se apropriar de virtudes ambientalistas, com o intuito de expandir as vendas em cima do conceito do orgânico, sem que realmente produzam itens deste nicho. Seja utilizando as técnicas de marketing e relações públicas, ou colocando informações indevidas nos rótulos, estas empresas “greenwashing” prejudicam os consumidores e as boas e verdadeiras práticas de sustentabilidade.

Por isso, tem-se registrado cada vez mais reclamações de itens indevidamente certificados ou que apresentam apenas parte da composição como sendo orgânica. Observe exemplos de características apelativas nas embalagens ou nas campanhas publicitárias de produtos com greenwashing:

  • “Cuidando da sua casa, preservando a natureza”
  •     INCERTEZA: declarações vagas ou abrangentes (incluindo gráficos e símbolos) que não possibilitam a compreensão objetiva do benefício ambiental declarado.
  •     CULTO A FALSOS RÓTULOS: uso de gráficos e expressões emulando selos ou certificações que, na verdade, não existem.
  • “Sempre que possível, com matérias-primas naturais e fontes renováveis”
  •      FALTA DE PROVA: declaração de que o produto é ambientalmente preferível, sem indicações acessíveis para comprovar tal afirmação.
  • “Com ingrediente natural de castanha-do-pará”
  •       CUSTO AMBIENTAL CAMUFLADO: apelo a uma única característica ambiental, sem relevar outros critérios de alto impacto na cadeia produtiva.
  • “Não contém clorofluorcarbono”
  •      IRRELEVÂNCIA: destaque de características ambientalmente corretas do produto que são, na verdade, obrigações dos fabricantes.

Em entrevista para o canal “Coma Bem”, o Diretor de Integração Estratégica da QIMA IBD afirma que “para um produto ser chamado de orgânico, ele deve ter, obrigatoriamente, o Selo Brasileiro de Certificação deste sistema sendo que o selo da certificadora é sempre opcional”. Mesmo que um item tenha realmente sido produzido como orgânico, sem o selo que o identifica como tal, o consumidor não tem a garantia sobre as etapas de produção.

 

Batalha pela credibilidade

Uma das maneiras mais confiáveis de identificar se um item que está sendo oferecido no mercado é mesmo orgânico é através da certificação. Os selos garantem que os consumidores tenham acesso a alimentos isentos de contaminantes que podem colocar em risco o meio ambiente e a saúde das pessoas.

Mas, para isso, é necessário observar se o produto possui certificação reconhecida por um organismo credenciado junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). A certificação concedida pela QIMA IBD, por exemplo, garante a utilização do Selo Orgânico Brasil para a comercialização de produtos em todo o território nacional.

Outros modelos de selos de certificações como USDA-NOP, União Europeia-CE, IFOAM, Krav, DCOK, JAS, Naturland, China-GB/T, ROC e Demeter, por lei, não são válidos no Brasil pois não há ainda acordo e reconhecimento de equivalência entre os países, com exceção do Chile.