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07 out 2020

Syngenta compra italiana Valagro e avança no mercado de biológicos de olho no Brasil

Com sede na Itália, a Valagro teve receita aproximada de US$ 175 milhões em 2019, com uma taxa de crescimento anual de cerca de 10% de 2009 a 2019.

De olho neste desempenho, Corey Huck, head global de biológicos da Syngenta, diz que o setor de biológicos representa US$ 4 bilhões por ano ao redor do mundo, considerando a metade de bioestimulantes e a outra metade de controle biológico.

Ele planeja estar entre as três maiores empresas da indústria de biológicos do mundo até 2023 e liderar este mercado no longo prazo, “com um passo de cada vez”. “Esperamos que esse mercado cresça para cerca US$ 10 bilhões por volta de 2030 e vemos que parte deste avanço se deva mais a bioestimulantes do que biocontrole”, complementa.

A aquisição da multinacional resulta em uma combinação de cerca de 30 produtos entre as empresas, mas o executivo da Syngenta afirma que mais importante do que prever a quantidade de produtos ofertados é o desenvolvimento da ciência em escala global e a capacidade de adaptação regional.

Giuseppe Natale, CEO da Valagro, admite que há mais foco em nutrição vegetal e, portanto, o portfólio em controle biológico ainda é limitado. No entanto, ele prevê que “será uma área desenvolvida em sinergia com a Syngenta”, inclusive porque a empresa já investe cerca de 5% do total de volume de negócios em pesquisa e desenvolvimento.

Brasil entre prioridades

O Brasil já era um player importante para as empresas e, com a aquisição, passa a ser território estratégico para o desenvolvimento de novas soluções. Corey Huck, da Syngenta, acredita que o mercado de biológicos cresça cerca de 10% nos próximos 10 anos no Brasil devido ao solo e à adoção rápida de tecnologias pelo agricultor. Mas reforça que, para isso, o aumento de pesquisas científicas e a maior busca por sustentabilidade são fatores decisivos.

Giuseppe Natale conta que a Valagro está em solo brasileiro desde a década de 1990 e, com a aquisição, o país se consolida ainda mais como prioridade. “Estamos investindo diretamente no Brasil, onde temos nossa planta de produção na cidade de Pirassununga, no interior de São Paulo, e de lá distribuímos para todo o país”, diz.

De acordo com ele, a agricultura brasileira tem todos os requisitos para aprimorar o uso de biológicos e contribuir com pesquisas em diferentes cenários. Como exemplo, Natale fala das características do café em diferentes regiões “por causa das peculiaridades do solo”. “É no Brasil que há a possibilidade de regionalizar produtos pensados em escala global”, afirma.

Biológico e convencional

Questionado sobre a sinergia entre os biológicos e os convencionais, Natale explica que este é um importante passo para o sustentabilidade na agricultura, pois o uso de bioestimulantes em conjunto aos fertilizantes aumenta a eficiência para os nutrientes da planta.

“Nós tínhamos alguns produtos biológicos antes da aquisição, que vão continuar sendo importante elemento com a indústria sintética. Vemos os dois em uma simbiose, trabalhando juntos”, garante o executivo norte-americano.

Ele ainda complementa que a aquisição visa contribuir para a diminuição das mudanças climáticas, preocupação que fez a Syngenta investir US$ 2 bilhões em um compromisso para reduzir o aquecimento global.